Tracunhaém

Imagem: Imagem lateral da parte externa do Cineteatro. | Acervo: Fundarpe

CINETEATRO
CASTRO ALVES

Fotografia: Acervo Mestre Zuza

O Cineteatro Castro Alves foi construído no ano de 1968, pelo primeiro prefeito de Tracunhaém Pedro Alcides de Figueiredo Lima, localizado na praça Costa Azevedo em frente à igreja matriz de Santo Antônio.

O Cineteatro leva o nome do poeta baiano do século XIX, Antônio Frederico Castro Alves, conhecido por suas poesias abolicionistas, o escritor escreveu poemas de amor, mas sua poesia de cunho social fez dele o principal nome da terceira geração do romantismo no Brasil.

A cidade de Tracunhaém, localizada na região da Zona da Mata Norte de Pernambuco, já foi distrito de Nazaré da Mata, em 20 de dezembro de 1963 é elevado a categoria de município, com uma população estimada de 13.867 habitantes, o nome da cidade é de origem indígena e significa “panela de formiga” (IBGE,2022).

O Cineteatro Castro Alves era composto por uma arquitetura em concreto armado era uma réplica do Palácio do Planalto, com rampa e lago artificial. Segundo a população o empreiteiro que construiu o cineteatro tinha acabado de chegar da cidade de Brasília e tinha trabalhado na construção da capital nacional. Devido a esse fato, comenta-se que o projeto arquitetônico do cine teatro é do famoso Oscar Niemeyer.

O mestre de obra do prédio da época da construção do cineteatro e da praça foi o Sr. Ovídio um paraibano que trabalhou na construção de Brasília na época. Ele tinha um amigo aqui Sr. Nequinha que era dono de olaria que conheceu ele por acaso, trocando uma ideia com ele foi dito que tinha a possibilidade de tirar uma foto e fazer uma réplica do prédio dos três poderes para ser construído aqui. Nessa época Tracunhaém passou a ser cidade e o então prefeito Pedro Alcides abraçou a causa e a obra foi realizada. (Edilson de Andrade)

Ainda sobre a arquitetura do prédio, o ex-funcionário público morador da cidade o Carlos Dantas, lembra que tinha uns tocos ao lado do cinema que pareciam ser de madeiras, ao lado direito da entrada, feitos de tijolos, pelo Sr. Zuza um pedreiro antigo de Tracunhaém.

No interior do prédio havia um grande salão, as cadeiras eram de madeiras eram postas e retiradas a depender do caráter do evento, no seu interior tinha o bar e do lado oposto tinha os banheiros. Por dentro do bar tinha uma passagem que dava acesso a uma escada que levava a um sótão, onde tinhas as espias por onde o projetor era posicionado para realizar as exibições.

O cineteatro não tinha um equipamento fixo para exibição de filmes, geralmente empresas de fora da cidade instalavam os equipamentos e faziam as sessões. Através dos cartazes colocados á frente do cineteatro era possível vê o filme que passaria, o boca-a-boca fazia com que a notícia se espalhasse mais rapidamente.

Várias obras cinematográficas nacionais e internacionais passaram pelo Castro Alves, mas se perguntado aos saudosos expectadores o filme que mais marcou, responderão que são os filmes de faroeste.

Segundo o artesão e radialista Ivo Diodato: “o cine teatro era uma referência, onde tudo acontecia na cidade, era um espaço para cinema, teatro, baile, discoteca tudo era lá, um local que nos alegrava muito…tinha também a rádio Tracunhaém que explorava assuntos da cidade, os valores, tentar não deixar adormecer a nossa cultura, chamar a atenção da população. O cine teatro tem uma história gigantesca para aqueles que presenciaram e aqueles que não, ficam só na curiosidade”.

Além de cinema, o espaço tinha outros usos como: teatro, bailes de formaturas, festas particulares, casamentos, aniversários, reuniões, manhãs de sol e funcionou como sede da rádio comunitária Jornal de Tracunhaém. Como era um espaço pertencente a prefeitura, os usos precisavam de uma solicitação junto à administração pública.

“O espaço era o ponto dos jovens e das pessoas terem o que fazer, tinha discoteca, tinha reunião, tinha teatro, tinha televisão para televisionar jogos da seleção principalmente, tinha outras coisas a mais que para tudo servia. Depois que fizeram a reforma, acabaram com tudo, derrubaram tudo”. (Carlos Dantas,2024).

Diversas apresentações de cantores famosos, passaram pelo Cineteatro Castro Alves como Elba Ramalho, Geraldo Azevedo entre outros. O anúncio era feito através dos autofalantes que saiam pelas ruas divulgando as atrações musicais, eventos e os filmes. (José Ernades,2024)

O teatro existiu e foi ativo no espaço, mesmo sem muita experiência em relação ao teatro em montei algumas peças, exemplo “Dom ratão e dona baratinha” para crianças, eu montei junto com uma equipe de colegas meus. Mas foram várias representações de teatro, dança, comédia entre outras atividades, a gente nunca deixou o cineteatro parado sempre tinha atividades. (Mestre Zuza, 2024).

A DESTRUIÇÃO DO CASTRO ALVES

O Cineteatro Castro Alves deixou várias lembranças na memória do tracunhaense. Porém uma das mais marcantes foi a sua demolição no ano 1992, na gestão da prefeita Maria das Graças Lapa (Partido Republicanos). 

Sem justificativa, causando revolta a toda população, o prédio foi demolido e no lugar foi construído a praça José Costa Azevedo. 

Ali era uma referência né, a gente se alegrava muito e até hoje a gente fala a gente se entristece muito quando colocaram o cineteatro abaixo. Se fosse hoje, com a politica que temos hoje para manter os patrimônios, a gente teria brigado e talvez não tivesse derrubado, como foi feito na época, não pensaram duas vezes, colocaram a máquina e derrubaram. (Ivo Diodato,2024)

Era uma beleza, eu não acredito que foi demolido, diante de tanto absurdo, um crime contra o patrimônio público da forma de como aconteceu não dá esquecer”! Esse cineteatro hoje faz muita falta para tudo! (Edilson de Andrade,2024)

Imagem: No interior do | cineteatro.  Acervo Mestre Zuza