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Os cinemas de ruas em todo país sempre foram espaços de acesso a arte, socialização e construção de cidadania. Esses equipamentos reinaram absolutos por tempos, como instrumentos de informação, acesso a arte, cultura e entretenimento. As lembranças daqueles que viveram no auge dessas salas de exibição sempre são cheias de pompa, glamour, relatos das filas que dobravam quarteirões, alguns reboliços nas calçadas, pipoqueiros na entrada e romances no cinema.

Em Pernambuco esse fenômeno não foi diferente, principalmente nos interiores onde o acesso a opções de acesso a arte e entretenimento são mais reduzidas do que nas regiões metropolitanas. A microrregião Mata Setentrional, estabelecida como a Região de Desenvolvimento (RD) Mata Norte é composta por 19(dezenove) municípios, dentre os quais foram percorridas 10(dez) cidades para o levantamento dos cinemas de ruas.

Costumo dizer que o conceito de cinema de rua é muito atrelado as grandes cidades que já tiveram inúmeros cinemas por bairros e ruas, no interior esses cinemas facilmente poderiam ser chamados de cinema da cidade, por serem únicos.

Em meio a época de efervescência do sistema agrícola canavieiro, as estradas de ferro já estabelecidas para o escoamento do açúcar, os engenhos aos poucos foram transformados em usinas, paralelamente a isso temos a chegada dos primeiros cinemas em algumas cidades da zona da mata norte pernambucana no início do século XX.

As dez (10) cidades percorridas no presente levantamento foram: Aliança, Carpina, Goiana, Itambé, Itaquitinga, Nazaré da Mata, Paudalho, Timbaúba, Tracunhaém, Vicência.

De acordo com os registros encontrados o cinema mais antigo encontrado na região foi o Cineteatro Polytheama fundado em 1914 na cidade de Goiana e o Cine São Vicente fundado em 1926 na cidade de São Vicente Férrer atualmente localizado na região do Agreste Setentrional.

Acerca dos outros cinemas as datas ainda não foram definidas com exatidão, mas é possível ter uma margem temporal de quando foram instituídos nas cidades, sendo assim temos os seguintes cinemas:

  • Cine Irani – 1920 – Aliança
  • Cinema Scope- Aliança
  • Cine São José e Cine Carpina – Carpina
  • Cineteatro Nascar, Rex e Polytheama – 1914- Goiana
  • Cine Urubatã- 1956- Goiana
  • Cine Brasil, década de 50, Tejucupapo- Goiana
  • Cine Ideal, década de 60, Pontas de Pedras- Goiana
  • Cine Moderno, década de 60 e 70, Itambé.
  • Cineteatro Odeon, Itaquitinga
  • Cine Lux, década de 60 e 70, Nazaré da Mata.
  • Cineteatro Municipal, 1972, Paudalho.
  • Cineteatro Recreio Benjamim- 1916, Timbaúba.
  • Cine Alvorada, 1960, Timbaúba.
  • Cine Castro Alves, 1966, Tracunhaém.

Ressalto que o território é marcado por significativas mudanças nas relações sociais de produção, fruto dos investimentos do capital industrial, foi assim na metade do século XIX e é nos dias atuais.

O tempo passou, as modificações e avanços tecnológicos suprimiu quase que totalmente esses espaços que eram fundamentais para o lazer da população interiorana, eliminando – se assim um ponto de encontro, um local de discussão, um espaço de vivência da diversidade e da sétima arte.